
Por experiência própria, venho refletindo sobre o fato de que parece existir uma Escrita Maior da vida, que corre em paralelo à que imaginamos estar construindo. Em muitos momentos, me vi surpreendida com o inusitado, o inesperado, até mesmo como indesejado. Não gostei, sofri, caminhei pisando duro, me questionando: "Mah Diooooo, por quê?" Indignada, triste ou não, como sou intelectual reflexiva, quando isso ocorreu, parei para tentar entender o significado das entrelinhas dessa Escrita Maior. Eu me preocupava, porque sempre ouvi dizer que, se você não aprender o que o destino tem para ensinar, vai ficar vivendo as mesmas situações, indefinidamente... quer dizer, é um risco muito grande.
Assim, fui percebendo que ela se mostra de várias maneiras, nem sempre claras, explícitas. É no enovelado dos segundos, minutos, dias, horas, das intensidades produzidas, das situações repetidas que, aos poucos, a gente vai compreendendo. É uma escrita de traços às vezes, suaves, parecem mais esboços de inscrição. Inscrições sutis, ainda que importantes, em cada momento. Inicialmente são rabiscos e garatujas. Em outras circunstâncias, porque demoramos para entender, o texto vem mais duro, surge jorrado com força, parece escrito com sangue, como quem diz: “Entendeu agora, criatura?”.
Depois de tanto tempo observando, hoje percebo claramente: é uma escrita amorosa e firme, emocional e racional ao extremo, ao mesmo tempo! Atinge substratos profundos da gente e vai marcando a pele, o corpo todo, a alma. A lógica é a seguinte: "Você entende ou aguenta (as consequências)! Essas marcas vão se tornando mais fundas, até que aprendemos a decifrá-las, na marra - ou isso, ou elas sangram, empedram no corpo, provocam nós que causam dores profundas, cristalizações... enfim.. adoecimentos físicos ou da alma.
Bem, só que eu gosto mesmo é de saber que cada inscrição, cada minúcia e fragmento dessa Escrita Maior vai sinalizando os rumos da caminhada, da Grande Viagem. Também percebo que os nós, mesmo os mais apertados, podem ser desatados. Quando isso ocorre, os fios começam a tecer outra teia trama da vida. Fico pensando que compreender isso vai dando paz e contentamento, ao mesmo tempo. Com a iniciação à leitura nessa Escrita Maior, eu pressinto o devir... ainda que me sinta sempre aprendiz, leitora de olhos e ouvidos atentos!
Agradeço ao Moço da Parede, especialmente, pela paciência comigo, com meus tempos e pela parte escrita hoje, em mim - assim como pelos ensinamentos de todos os dias!
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