Na corda bamba dos meus dias, eu sigo,
assim, simples, equilibrista, persistente.
Vou brotando até onde parece ser impossível,
aqui mesmo, dos grandes nós da existência,
eu faço um verso, um laço, um entrelaço,
e me desdobro, me desato, me reinvento,
me faço de novo em flor, em ser...
Não é grande mérito, eu penso.
Eu não pude mesmo ser diferente...
Sou assim forjada do ‘jeito da madeira’
que me deu vida, que fez presença forte,
que me provocou para seguir adiante,
para ser um tanto brava, ainda que suave.
Eu não me importo mais com muita coisa.
Olho em volta e vejo galhos e gente seca,
durezas de todo tipo, pratos e corações vazios
e falas repetidas, muitas... sem sentido,
mas eu também vejo um caminho inteiro,
longo... que se constrói na combinação,
de terra fértil e brotações insinuadas.
Elas vão ladeando o caminho e se espelhando
em devires, em tomara vir a ser.
Quem sabe...
Tenta de novo, me diz uma voz interna,
mas só o que vale a pena...
A essas alturas, já é possível ver mais nítido,
o que é galho seco, vida retorcida,
de onde não brota nada... e os potentes sinais,
nos entrelaçamentos da natureza florida,
flor(indo), florescendo, flores(sendo)!.
Maria Luiza Cardinale Baptista
(Foto: João Romanini)
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