Detenho-me, no passo, na vida,
Às vezes, é bom parar um pouco.
Deixar o silêncio dizer a que veio,
em tempo de contemplação e espera(nça).
Passeio o olhar no vão do templo da cultura e poesia.
Espero um pouco mais, quem sabe ele ainda venha?
Quem sabe o poeta também pressinta
que a vida não se sustenta apenas em edifícios antigos,
em estruturas rígidas, bases sólidas, isolamento?
Que sabe se lembre que precisamos também de brisa,
de suaves carícias, um pouco de rua, de poesia?
Talvez também se sinta arrebatado
pelo brilho forte da luz que se anuncia,
pela intensidade que se espalha nas pedras
encaixadas pelo tempo...
Penso que acumulamos pedreiras internas, com seus desníveis,
artefatos compactos, nem sempre arredondados,
Juntas, essas pedreiras nos ameaçam com o (eterno) risco de deslizar...
em despenhadeiros internos...em sulcos selados com esforço.
A espera, o encontro com o edifício, as pedras, as lembranças,
a ostentação de força da construção, o vão da Casa. Em mim!
Quem sabe, a espera(nça) seja mesmo essa névoa que se avizinha,
Essa energia que pressinto na luz, depois de tudo.
E então, como num passe de mágica,
talvez surja ali, em Pessoa, em Quintana!
Quem sabe ainda seja possível se fazer verbo...
Quintanar... Quint’amar... a cultura e a poesia da vida?
Maria Luiza Cardinale Baptista
(Foto: João Romanini)
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